Censo 2022 revela mudanças no cenário religioso brasileiro, afirma bispo da Diocese de Marília

Dom Luiz Antonio Cipolini, em comunicado oficial, analisa dados do IBGE

O Censo Demográfico de 2022, conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou significativas alterações no perfil religioso do Brasil. Segundo análise do Bispo Diocesano de Marília, Dom Luiz Antonio Cipolini, em comunicado distribuído à Imprensa no começo da tarde deste sábado, dia 7 de junho de 2025, o levantamento indica uma redução na proporção de católicos e um notável crescimento de evangélicos e de indivíduos que se declaram sem religião. Diante desses dados, a Igreja Católica local reflete sobre os desafios e as oportunidades pastorais que emergem, buscando fortalecer a fé e a presença comunitária.

Os números detalhados pelo IBGE mostram que o catolicismo, que em 2010 abrangia 65,1% da população brasileira, caiu para 56,7% em 2022, representando uma diminuição de 8,4 pontos percentuais. Em contrapartida, a proporção de evangélicos cresceu 5,8 pontos percentuais no mesmo período, ando de 21,6% para 26,9%. Na Diocese de Marília, que compreende 37 cidades, a média de católicos é de 58,76%, enquanto na própria cidade de Marília, sede do bispado, a taxa é de 53,34%.

Apesar da queda percentual, Dom Luiz Antonio Cipolini ressalta o louvável aumento de adultos que procuram o batismo e o sacramento da crisma nas paróquias, o que ele interpreta como um sinal de conversão e amadurecimento religioso. O bispo enfatiza a necessidade de ministros ordenados e lideranças pastorais investirem no processo de Iniciação à Vida Cristã, conforme orienta a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e valorizarem as pequenas comunidades eclesiais para que a fé católica seja um sinal visível do amor de Deus.

Uma preocupação central para o religioso é o aumento da parcela de brasileiros que se declaram sem religião, que subiu de 7,9% para 9,3%. Dom Cipolini convoca paróquias, comunidades e grupos eclesiais a se tornarem lugares de acolhida sincera, estruturando-se como uma “Igreja em saída” que vá ao encontro das “periferias existenciais”. Finalizando sua reflexão, ele cita o Papa Leão XIV, reforçando que “a vida cristã não se vive isoladamente, como se fosse uma aventura intelectual ou sentimental confinada em nossa mente e no nosso coração. Ela se vive com os outros, em grupo, em comunidade”.

Leia a seguir a nota na íntegra

Dom Luiz Antonio Cipolini

Bispo Diocesano de Marília

Marília, 7 de junho de 2025

Do Censo demográfico 2022

O Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou uma mudança no perfil religioso dos brasileiros. Os dados, por se tratarem do resultado de uma pesquisa em que a maioria da população é inquirida, são significativos e devem ser aceitos pela metodologia científica empregada em todo o processo, contudo nem sempre traduzem a realidade em sua totalidade exata.

O catolicismo, que em 2010 concentrava 65,1% (105,4 milhões) da população de 10 anos ou mais, ou a representar 56,7% (100,2 milhões) em 2022, uma redução de 8,4 pontos percentuais. Os dados evidenciam o aumento de 5,8 pontos percentuais na proporção de evangélicos, ando de 21,6% em 2010 (35 milhões) para 26,9% em 2022 (47,4 milhões).

Mesmo diante destes números, notamos que a população brasileira continua majoritariamente católica, pois das 27 unidades da federação, 13 contam com proporção de católicos superior à média nacional (56,7%). Constatação que observamos também na Diocese de Marília que, ao considerar as 37 cidades que compõem nosso território diocesano, temos a média de 58,76% da população que considera-se católica. Em Marília, sede do nosso bispado, os católicos são 53,34% da população.

Neste sentido, é louvável considerarmos o grande número de adultos que procuram o Batismo em nossas paróquias. Observo isso, de modo particular, além dos jovens e adolescentes que anualmente confiro o Sacramento da Crisma, pela quantidade de homens e mulheres adultos que buscam a maturidade da fé por meio deste Sacramento que também é chamado de Confirmação. Para além das estatísticas, isso é sinal de conversão e de sentimento de pertença eclesial, fruto natural do amadurecimento religioso de nosso povo.

Frente à estatística do IBGE e também ao que verificamos na prática da fé, como bispo diocesano, motivo aos ministros ordenados e às lideranças pastorais que invistamos no processo de Iniciação à Vida Cristã, como tem indicado a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e valorizemos os modos de agrupamento e carismas de pequenas comunidades eclesiais para que a fé católica seja sinal visível do amor de Deus entre nós no cumprimento do mandamento missionário de Cristo (Mc 16, 15).

Como pastor, o que realmente me preocupa e o que deve nos provocar enquanto Igreja, é o aumento do número dos brasileiros que se declararam sem religião (de 7,9% para 9,3%). Por isso, façamos de nossas paróquias, comunidades e grupos eclesiais, lugares de acolhida e sincera a fim de que nos estruturemos cada vez mais como “Igreja em saída” que vai ao encontro daqueles que estão nas “periferias existenciais”, como nos últimos anos nos motivou o Papa Francisco, de saudosa memória.

Assim, convido todos os católicos a serem fermento de unidade para que o mundo conheça o amor de Deus por meio da caridade vivida entre nós e pela nossa atuação na sociedade. Façamos ecoar em nossos corações o ensinamento do Papa Leão XIV: “a vida cristã não se vive isoladamente, como se fosse uma aventura intelectual ou sentimental confinada em nossa mente e no nosso coração. Ela se vive com os outros, em grupo, em comunidade, porque Cristo ressuscitado se faz presente entre os discípulos reunidos em seu nome” (06/06/2025, por ocasião da Audiência com os moderadores de Associações de Fiéis, de Movimentos Eclesiais e de Novas Comunidades).

Sem mais,

Dom Luiz Antonio Cipolini

Bispo Diocesano de Marília

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